quarta-feira, 11 de junho de 2014

Tudo passa, já dizia Nelson Ned, inclusive o Facebook

   O Facebook vai passar. Às vezes me sinto como um crackudo que fuma pedra todo dia , sabe que é uma merda mas não consegue parar. Essa porra vicia. O feedback, a opinião dos outros, o que os outros estão fazendo. Antes eu me importava bem menos com os outros. Será que a Internet está promovendo mudanças nas configurações sinápticas dos meu neurônios?
    Me incomoda a vitrine pra vudu. Evito postar fotos de familiares. Me incomoda essa exibição de sucesso alheio, principalmente quando estou na merda. Me incomoda tanta ignorância política, tanta preguiça para ler textos e pressa para dar opinião. Me incomodam os ativistas compoulsivos sem senso de humor e sem noção. Me cansa o cinismo bronco que está tão na moda. Me incomoda o excesso de açúcar e mondo bizarro. Me incomodam os bichinhos fofinhos e as correntes. Me incomoda o narcisismo despudorado e sem assunto. Me incomoda ser amigo no facebook e não se cumprimentar na rua. Me incomodam mensagens de malas, me incomodam quando não respondem minhas mensagens e eu sou o mala. Me incomodam os trolls, apesar de estar treinando para ignorá-los no mundo virtual, especialmente quando são seus amigos na vida real.  Discutir no Facebook é um jeito lento de morrer. Me incomoda a espionagem escancarada e a venda de nossos hábitos de consumo para empresas. Me incomoda o design do Facebook. Me incomoda que a ânsia de explorar terrenos nunca dantes navegados na Internet tenha sido vencida pela conveniência, o condomínio com segurança, o sorria-você-está-sendo-filmado. Me incomoda a evasão de privacidade. Publicação de intimidades é um paradoxo que se dissolveu nos dias de hoje.
    Cheguei a ter 5 mil amigos, aceitava todos os convites, convidava a maior galera, pensando também como divulgação da minha pessoa jurídica, o artista Carlos Pontual. Aí quis filtrar. Comecei a cortar primeiro os que eu não tinha a menor ideia de quem fosse. Depois os que postam muita besteira ou são muito chatos. Às vezes corto quem vacila comigo na vida real ou eu achei que vacilou. Às vezes me arrependo. Penso em cancelar a conta de Facebook mas não o faço por causa do vício, da maldita conveniência e claro, por que não tenho coragem para isso.
    As coisas boas: praticidade, comunicação, a incrível facilidade de achar pessoas e de ser achado, contatos de trabalho, pesquisa, dicas de links de conteúdo, notícias em tempo real, discussões alheias e lembretes de aniversário. Esse é o grande lance. Lembretes de aniversário.


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