quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Besouro Preto - Cap.3

   Cinco horas da manhã passa o caminhão de lixo. Zé, ao volante, não percebeu que o tranco vindo da traseira do veículo significava algo que não poderia imaginar nem nos seus piores pesadelos. Seguiu até o lixão. Como de costume gritava para seus colegas mas desta vez eles não respondiam nem apareciam no retrovisor, pendurados e sorridentes em seus uniformes laranja. Achou estranho mas estava no meio de uma crise, trocando mensagens com a amante, que exigia uma ajuda mensal se não "ia contar tudo". Ao chegar no lixão clandestino, levantou  a traseira do veículo para descarregar o lixo. O cheiro não o incomodava mais. De manhã cedo era um pouco mais sossegado, o sol suave da manhã ainda não potencializava tanto o fedor.
  -E aí, galera, que porra é essa? Cadê vocês?
  Saiu do caminhão para conferir o que estva acontecendo. Foi seu último erro. As larvas-tentáculo, cada vez maiores, o atacaram vindo de todas as direções. Elas não entravam mais pela boca, estavam muito grandes para isso. Engoliram seu corpo, em questão de segundos. Cabeça, tronco e membros. As outras seguiram para o lixão. Com a quantidade de alimento ali, em poucos dias atingirão a idade adulta. Já ensaiavam os primeiros passos para a independência de cada uma. São quatorze no total. Os catadores de lixo viram algo assustador de longe e começaram a correr. Mas não adiantava. Elas são rápidas e estão com fome. O banquete se inicia.
(cont.)

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